AUTO-EXAME DA MAMA



InTrOdUçÃo

  "Em Portugal, surgem aproximadamente 4500 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja, 1 em cada 10 mulheres e 1 em cada 100 homens são atingidos com esta doença."
(IPO) 

  A mulher é a sua principal vítima, no entanto, esta não é uma doença exclusiva do sexo feminino. Os homens também sofrem desta doença. Embora a sua prevalência seja muito menor, a agressividade é maior, mas a verdade é que acontece, e o factor hereditário é de ter em consideração.
  Dado que a grande parte dos cancros da mama são detectados pelas próprias mulheres, o AuTo-ExAmE dA mAmA assume assim particular importância. Este é extensivo aos homens que também o devem  efectuar.
  Os sintomas da doença são comuns a homens e mulheres: nódulos mamários, alterações do tamanho, da forma, da pele, do mamilo e erupção cutânea.
  A mama normalmente apresenta uma textura irregular ou com pequenas granulações, pois é constituída por vários tecidos: tecido adiposo, tecido glandular e tecido fibroso.

Figura 1. Tecidos da mama.

 
São vários os factores que podem provocar alterações temporárias ou definitivas na anatomofisiologia da mama:

     » Idade
     » Ciclo menstrual
     » Gravidez/lactação
     » Terapêutica hormonal
     » Menopausa
     » Traumatismo.

  No ciclo de vida da mulher existem modificações no tamanho, na textura e na sua forma, daí a importância do auto-exame, pois permite:

     » Conhecer as características da mama
     » Detectar precocemente alterações patológicas.
 

TéCnIcA

  O auto-exame da mama é uma técnica de prevenção do cancro da mama, que tem como objectivo auxiliar o médico na detecção da doença.
  Segundo alguns autores, todas as mulheres devem realizar a palpação mamária a partir dos 20 anos, principalmente após o período menstrual (entre o 3º e 5º dia), pois nesta altura as mamas apresentam-se mais flácidas e indolores à palpação. As mulheres na menopausa e os homens, devem palpar as mamas sempre num intervalo de 30 dias, ou seja, uma vez por mês devem realizar o auto-exame mamário com disciplina, por exemplo, escolhendo o dia 1 de cada mês.
  O auto-exame da mama deve ser feito com método e de forma sistemática abrangendo todo o tecido mamário, incluindo a aréola e mamilo e estender-se à axila e região clavicular, pelo facto destas serem áreas de intensa drenagem linfática.

Figura 2. Drenagem linfática da mama.

  O conhecimento da drenagem linfática da mama privilegia a palpação dessas regiões.


EtApAs Do AuTo-ExAmE dA mAmA

  Deve-se aprender a observar e palpar a mama.
  O auto-exame da mama deve ser realizado em 3 fases:

     » Observação (em frente ao espelho)
     » Palpação mamária em ortóstatismo (em pé)
     » Palpação mamária em supino (deitada).

  Deve-se ter em atenção:

     » Tamanho (é normal ter uma mama maior que outra), simetria e contornos
     » Cor e textura da pele
     » Padrão venoso
     » Edema
     » Depressão
     » Posição do mamilo
     » Presença de secreções mamilares (ao apertar o mamilo).


1. Observação em frente ao espelho
   
  Observa-se sempre os dois seios.

 
1.1. Membros superiores em extensão ao longo do corpo.
       Procura-se alterações.

Figura 3. Observação: membros superiores em extensão ao longo do corpo.

1.2. Mãos na cintura, fazendo pressão sobre as ancas, de modo a flectir os músculos do tórax e avaliar melhor as partes superiores dos seios.

Figura 4. Observação: membros superiores na cintura.

1.3. Membros superiores elevados, com as duas mãos colocadas na cabeça, pois assim distende a pele da mama. Vire-se de um lado para o outro, inspeccionando cuidadosamente a parte inferior dos seios.

Figura 5. Observação: membros superiores elevados sobre a cabeça.

  Se notar qualquer alteração na superfície, seja depressão, saliência, alguma rugosidade, secreção mamilar ou mamilo umbilicado (metido para dentro como o umbigo) é importante que contacte o seu médico.

                                     
                                             A                      B                      C                     D
Figura 6. A. Alterações no contorno do seio. Edema
                                                                                                                                              B. Mudança na direcção do mamilo
                                                                                                                                              C. Covinhas ou pregas na pele
                                                                                                                                              D. Pele do seio com aspecto de "casca de laranja".


2. Palpação em ortóstatismo

  De preferência durante o duche, com o corpo molhado e com as mãos ensaboadas, levanta-se o braço esquerdo e põe-se a mão esquerda atrás da cabeça. Com a mão direita palpa-se cuidadosamente a mama esquerda.

                     
Figura 7. Palpação da mama em ortóstatismo.

  A palpação mamária deve ser efectuada com a parte palmar dos três dedos, indicador, médio e anelar, em toda a superfície da pele com movimentos circulares pressionando a mama contra a parede torácica.

Figura 8. Dedos a utilizar para fazer a palpação da mama.

  Os dedos devem permanecer em contacto com a pele e a palpação progredir para as pequenas áreas de sobreposição, para ter a certeza que a mama é devidamente palpada. Dê especial atenção ao apêndice de Spenser (1) e a todo o quadrante superior externo, pois a maior parte das lesões ocorrem nestas áreas.

Figura 9. Apêndice de Spencer.

  Repete-se todo o procedimento para a mama direita.


3. Palpação deitada

  A mulher deve-se deitar em posição supina (de barriga para cima), de preferência com uma almofada debaixo da mama que vai palpar. Levanta-se o braço a examinar e põe-se a mão atrás da cabeça. Com a outra mão faz-se a palpação de toda a mama.

                       
Figura 10. Posicionamento versus método da palpação deitada.

  Nesta posição pode-se palpar a aréola. O mamilo deve estar ligeiramente comprimido entre os dedos indicador e polegar, para se detectar qualquer secreção anormal.
  Para se palpar a axila e a região clavicular, mantêm-se a posição deitada, mas agora com o membro superior do lado a examinar em ligeira abdução (braço ao longo do corpo e ligeiramente afastado).
  Terminado o auto-exame de uma mama, procede-se de igual modo para analisar a outra.


mÉtOdOs Da PaLpAçÃo

     » Circular
     » Radial
     » Linear

1. Circular

  Movimentos circulares concêntricos da periferia para a região mamilar, sobrepondo  ligeiramente o último circulo palpado.

Figura 11. Método da palpação circular.


 2. Radial       
    
  A mama é dividida em 4 quadrantes. Passando-se uma linha imaginária na zona mediana da mama, outra na vertical e outra na horizontal que se cruzam no mamilo, obtêm-se os quadrantes da mama.

Figura 12. Quadrantes da mama.

  Os movimentos devem ser de "vai e vem", partindo da zona mais periférica até ao mamilo, repetindo-se este movimento mas agora em sentido contrário.

Figura 13. Método da palpação radial.

    
3. Linear

  A palpação faz-se do limite externo para o limite interno, com movimentos ascendentes e descendentes,
sobrepondo ligeiramente a faixa anterior.

Figura 14. Método da palpação linear.


CoNcLuSãO

  Embora esteja provada a eficácia do auto-exame mensal, em termos de detecção precoce de patologia mamária, a verdade é que a grande maioria das mulheres continuam sem o fazer. Se isto acontece com o sexo feminino, o que se pode dizer em relação ao sexo masculino.
  O AuTo-ExAmE da mama é verdadeiramente importante, pois pode prevenir e detectar precocemente as doenças da mama.
  Pretende-se com a gestação deste texto, consciencializar as mulheres e os homens, para este problema, pois mais vale "perder um minuto na vida do que a vida num minuto".  


(1) Projecção do tecido mamário que se estende desde a zona mamilar do quadrante superior externo até à axila.